Avaliação de impacto odorante


A principal ocorrência de reclamações junto a órgãos ambientais se deve ao incômodo causado por odores. Para a avaliação desse incômodo existe uma série de metodologias que podem ser aplicadas: análise olfatométrica, enquete, júri-fixo e júri-móvel. O tipo de metodologia a ser empregado é avaliado conforme o tipo de reclamação da população, condições de emissão do cliente, área do entorno do empreendimento, solicitação do órgão ambiental, etc.

 A aplicação de enquete no entorno de fontes emissoras visa identificar, caracterizar e dimensionar o impacto resultante de emissões odorantes ou por poluentes atmosféricos em geral. São aplicados questionários específicos a uma amostra estatisticamente significativa da população circunvizinha ao empreendimento, baseado na densidade populacional da área e porcentagem de área afetada.

É uma ferramenta que permite a detecção de diferentes problemas, tais como: indicação de outras fontes emissoras causadoras de incômodo na mesma área de influência; condições do tempo e período do ano em que os eventos mais odorantes/poluentes ocorrem; avaliar a melhora ou piora do impacto após alterações de processos produtivos, entre outros.

Os impactos causados pelos odores podem ser avaliados de diversas formas. Dentre todas as opções, a única que permite atribuir um valor de concentração para a emissão odorante é a análise olfatométrica. Para tal, após levantamento dos pontos de emissão odorante mais importantes, é realizada a coleta em triplicata em cada ponto, a qual é analisada em laboratório específico.

A concentração odorante é determinada por meio da olfatometria dinâmica, que consiste na avaliação das respostas de jurados olfatométricos certificados de uma série de diluições da amostra de gás coletada. O resultado indica quantidade de unidades de odor por metro cúbico (U.O./m³). Essa concentração é importante para o emprego no estudo de modelagem de dispersão e para verificar o atendimento de normas/legislações.

Desde a coleta até a análise, são consideradas normas internacionais (EN 13725, VDI 3477, VDI 3880 e etc.) para que seja respeitado o padrão de qualidade. Realizamos desde a coleta de gases odorantes (em chaminés, biofiltros, lagoas, aterros, etc), até a avaliação e interpretação do resultado laboratorial e da modelagem de dispersão.

A olfatometria possui ainda aplicação na avaliação da eficiência de equipamentos de controle de emissão de odores. Esse dado é interessante para detectar possíveis melhorias na fonte emissora que podem diminuir potencialmente o impacto nos receptores. Os resultados são dados em função da porcentagem de eficiência de remoção dos equipamentos.

As análises físico-químicas de gases surgem como importante metodologia para a caracterização das principais substâncias responsáveis pelo impacto odorante. Tal informação é de extrema valia para a definição do tratamento desses gases, bem como, dependendo do caso, servir para quantificar essas substâncias (em substituição à olfatometria, em casos específicos).

As amostras são coletadas e então analisadas por meio de cromatografia gasosa ou líquida, com detecção por espectrometria de massas. As análises seguem um rol de recomendações gerais da agência americana de proteção ambiental (USEPA) para a definição dos sistema cromatográfico.

Dentre as substâncias mais importantes para o impacto odorante das mais diversas atividades, e que podem ser avaliadas por esse método estão: amônia (NH3), sulfeto de hidrogênio (H2S), aminas (R-N), mercaptanas (R-SH), e outras.

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O júri fixo tem como objetivo principal o monitoramento contínuo dos odores em uma determinada área de impacto. O júri é composto por moradores que permanecem a maior parte do dia na região afetada e podem opinar sobre a rotina de percepção dos odores.

É disponibilizado aos moradores um questionário permanente que deve ser respondido a cada evento odorante. As respostas são compiladas em períodos semestrais ou anuais, e é emitido um relatório com as estatísticas de percepção da população, que pode levar em consideração o tom hedônico, caráter e intensidade odorante, entre outras informações necessárias ao cliente.

O júri móvel é empregado para avaliar o impacto de emissões odorantes através de um painel de pessoas pré-qualificadas para determinações olfatométricas da intensidade, hedonicidade e caráter do odor presente no ar ambiente. Esse painel é levado a campo com um questionário que deve ser respondido em diversos pontos de interesse, conforme determinação prévia. As respostas são compiladas e avaliadas juntamente com o resultado da modelagem de dispersão atmosférica. Essa ferramenta geralmente é aplicada para validação de modelos matemáticos de dispersão de odores ou para alcançar resultados mais confiáveis na avaliação do impacto.